Vista, por alguns, como uma autêntica “selva de pedra”, famosa pela sua paisagem de prédios cinzentos, é em São Paulo, na Casa Ibsen, que vemos um bom exemplo daquilo que pode ser uma habitação simples, que exala um intenso “pulmão” de verde. Os arquitectos Matheus Farah e Manoel Maia conceptualizaram uma habitação repleta de dualidades. Se, do exterior, a privacidade é mantida através de uma simples fachada, dentro do lote existe uma abertura total de espaços.
A harmonia dos volumes e o respeito pela envolvência resultam de um plano assente numa premissa bem definida pelo proprietário: a vontade de conviver e receber os amigos, sem descurar a intimidade e descrição necessárias. Daí estabeleceu-se a piscina como ponto central da casa, de tal modo que tudo o resto foi pensado à volta dela, a começar pela suíte principal. Com a sua varanda suspensa sobre o espelho de água turquesa, tanto se pode abrir amplamente para os jardins luxuriantes, ao eliminar os panos envidraçados, como pode resguardar-se do exterior, fechando também os painéis de madeira ripada.
Paralela à piscina, uma laje de betão tensionado, com 18 metros, determina toda a zona social da casa. Sob esta encontramos a zona de estar, de jantar e a cozinha que, a partir de grandes caixilharias retrácteis, se transformam rapidamente num contínuo da zona envolvente da piscina. Sem barreiras fixas, a natureza e a luz irrompem o espaço que, prolongado, incita a grandes convívios e tertúlias. Vemos igualmente o escritório mezzanine do cliente que, com portas de correr de madeira, facilmente pode dialogar com a área mais vibrante da casa. Um ginásio anexa-se neste patamar.