LÚCIA RUMOR Com harmonia, delicadeza e envolvência, qualidades que caracterizam o seu trabalho, a história de cada lugar é aquilo que a inspira. Na história de Sandra Benhamou, – com origens italo-tunisinas – o que dá forma e alento à sua arte? SANDRA BENHAMOU O meu trabalho pode reflectir as minhas raízes mediterrânicas através de uma certa alegria, doçura, azul e contrastes. Luz e sombra, leveza e força, redondeza e nitidez, silêncio e ruído, sofisticação e simplicidade. Procuro um equilíbrio, um sentimento de rectidão. Itália também me traz história, artes e, entre os meus designers preferidos, como Scarpa ou Ponti. A Tunísia, para mim, é convívio, família, amigos, espaços compartilhados e vida. Viajar e caminhar inspiram-me sempre. Preciso de atravessar paisagens, cidades, lugares

Iniciou a sua carreira na área do cinema. De que forma esse background e paixão influenciam a sua visão? Pode indicar-nos um realizador ou artista que a continua a inspirar. O cinema sempre fez parte da minha vida e das minhas inspirações. Sou particularmente sensível à fotografia e à cenografia. Retenho muito do universo de grandes directores como Scorsese, Almodovar ou Lynch. A minha paixão por filmes influenciou directamente meu sentido de encenação e de contar histórias. Também está relacionado com a forma como trabalho ao misturar e combinar objectos, estilos e épocas.

E quando decidiu sobre a mudança de ramo e de vida para a indústria de interiores? Como iniciou e fundou o seu próprio atelier? Tudo começou muito naturalmente. Como coleccionadora de arte e design, sempre me senti atraída por interiores únicos. Quando vivia em Nova Iorque, tive a oportunidade de renovar e projectar por completo uma casa de Verão, nos Hamptons. Gostei muito da experiência, e decidi fazer dessa nova paixão parte do meu dia-a-dia. Abri a minha empresa de design de interiores em 2010, quando voltei para Paris, após 15 anos no estrangeiro. A liberdade de expressão em Nova Iorque e Londres deram-me uma visão especial sobre o design de interiores.