Fotografia: Salva Lopez
11 / 10 / 2023
Tem na simplicidade o centro das suas ideias e no lugar a grande inspiração. Mas não é minimalismo, diz-nos Andrew Trotter, é mais uma maneira descontraída de viver, mais quente e mais humana, em projectos que, na sua maioria, nascem de dentro para fora, da essência para a aparência.
ANA RITA SEVILHA O que é que o inspirou a formar um estúdio multidisciplinar? ANDREW TROTTER Foi tudo muito orgânico. Na altura, eu tinha começado a Openhouse Magazine e já trabalhava há muitos anos com moda. Então, quando um amigo me pediu para o ajudar com um pequeno hotel que ele queria construir, eu convenci-o a deixar-me projectá-lo. E assim nasceu a Masseria Moroseta, que foi concluída há sete anos. Dois anos depois, estava eu prestes a terminar mais dois projectos quando conheci o Marcelo Martinez. Ele acabou por me convencer a criar uma página de Instagram e a construir um website. Isso transformou o hobby em trabalho e cinco anos depois, temos sete projectos concluídos e outros 30 em andamento. Marcelo tornou-se meu sócio e estamos a adorar o nosso trabalho.
Quão difícil é fazer uma arquitectura que tem a simplicidade no centro das suas ideias? Não é difícil, mas é preciso seguir os instintos e manter as coisas fáceis. Mas não é minimalismo — onde tudo tem que ser perfeito ao milímetro —, a minha simplicidade é mais quente e mais descontraída.
De que forma o lugar informa cada projecto? O lugar é tudo! As vistas, o sol, o vento, a vegetação, os materiais locais, as tradições e a arquitectura vernacular. Tudo isso desempenha um papel importante no design. Uma casa tem de pertencer a um lugar, senão acaba por ser uma arquitectura que cabe em qualquer sítio.
Procuram trabalhar sempre com materiais locais, como aconteceu com as paredes de arenito na Villa Cardo? Tentamos, tanto quanto possível, obter materiais locais. Eticamente é algo que todos deveríamos estar a fazer, e não apenas com materiais de construção, mas com muitas coisas mais. Mas também não apenas por razões éticas, porque geralmente há muitas e boas razões para o uso destes mate- riais nas construções locais. No caso da Villa Cardo, o arenito era próprio da região e é o isolamento perfeito, do frio no Inverno e do sol no Verão. Descobrimos, em Puglia, que muitas vezes não precisamos de ter ar condicionado. Os tectos abobadados também mantêm os quartos frescos.
Quão difícil é fazer uma arquitectura que tem a simplicidade no centro das suas ideias? Não é difícil, mas é preciso seguir os instintos e manter as coisas fáceis. Mas não é minimalismo — onde tudo tem que ser perfeito ao milímetro —, a minha simplicidade é mais quente e mais descontraída.
De que forma o lugar informa cada projecto? O lugar é tudo! As vistas, o sol, o vento, a vegetação, os materiais locais, as tradições e a arquitectura vernacular. Tudo isso desempenha um papel importante no design. Uma casa tem de pertencer a um lugar, senão acaba por ser uma arquitectura que cabe em qualquer sítio.
Procuram trabalhar sempre com materiais locais, como aconteceu com as paredes de arenito na Villa Cardo? Tentamos, tanto quanto possível, obter materiais locais. Eticamente é algo que todos deveríamos estar a fazer, e não apenas com materiais de construção, mas com muitas coisas mais. Mas também não apenas por razões éticas, porque geralmente há muitas e boas razões para o uso destes mate- riais nas construções locais. No caso da Villa Cardo, o arenito era próprio da região e é o isolamento perfeito, do frio no Inverno e do sol no Verão. Descobrimos, em Puglia, que muitas vezes não precisamos de ter ar condicionado. Os tectos abobadados também mantêm os quartos frescos.
"Masseria Moroseta", Puglia, Itália
"Villa Cardo", Puglia, Itália
"Villa Castelluccio", Puglia, Itália
Existem materiais com os quais gosta mais de trabalhar, ou acredita que um arquitecto tem de estar disponível para trabalhar com o que faz sentido naquele lugar? Isso vai depender de onde se está a construir. Estou aberto à maioria dos materiais naturais e gosto de muitos materiais por diferentes motivos, mas têm que se adequar ao projecto e ao lugar.
Qual é a importância do saber fazer e das técnicas tradicionais para contar a história de um edifício? A mão é uma ferramenta poderosa. Estamos a perder muitos métodos tradicionais, então sempre que posso, tento usá-los. Uma casa com estas texturas tem mais calor, e percebe-se a alma das pessoas que nela trabalharam.
A sua arquitectura aproxima-se da arquitectura vernacular. Como definiria a sua linguagem? Eu acho que é impor- tante olharmos para os edifícios ao nosso redor. Se uma casa se destaca demais, talvez estejamos a fazer algo errado. Precisamos nos inspirar no que está à nossa volta. Os edifícios foram construídos por uma razão, e essa razão vai muito além da aparência. Por isso, acho que é agarrar nos princípios e interpretar essas ideias em algo novo.
Qual é a importância do saber fazer e das técnicas tradicionais para contar a história de um edifício? A mão é uma ferramenta poderosa. Estamos a perder muitos métodos tradicionais, então sempre que posso, tento usá-los. Uma casa com estas texturas tem mais calor, e percebe-se a alma das pessoas que nela trabalharam.
A sua arquitectura aproxima-se da arquitectura vernacular. Como definiria a sua linguagem? Eu acho que é impor- tante olharmos para os edifícios ao nosso redor. Se uma casa se destaca demais, talvez estejamos a fazer algo errado. Precisamos nos inspirar no que está à nossa volta. Os edifícios foram construídos por uma razão, e essa razão vai muito além da aparência. Por isso, acho que é agarrar nos princípios e interpretar essas ideias em algo novo.
"10 AM", Atenas, Grécia
"Borgo Gallana", Puglia, Itália
"Casa Maiora", Puglia, Itália
Para além do lugar, o que é que o inspira e lhe suscita curiosidade? Adoro pensar em casas. E tenho sempre ideias a acontecer na minha cabeça. Às vezes, alguma coisa que vejo ou um material ou uma forma de construir são o meu ponto de partida, e a partir daí desenvolvo uma forma de viver. Comigo, a casa é projectada de dentro para fora, é mais sobre a forma como é usada do que sobre a sua aparência.
"Casolare Scarani", Puglia, Itália
"Casa Soleto", Puglia, Itália
Para mais informações, visite o website Andrew Trotter.