Arles mudou, mas a herança histórica não e, para Jorge Pardo, o artista que assina o projecto do L’Arlatan, Van Gogh continua a ser o mais importante, do ponto de vista artístico, que a cidade tem. “E como é que uma pessoa como eu dialoga com isso?”, pergunta-se. A resposta foi o projecto que desenvolveu para a unidade hoteleira de Maja Hoffmann, coleccionadora de arte e proprietária do L’Arlatan.

Jorge Pardo transformou o hotel numa viagem e o pavimento numa paisagem caleidoscópica. E foi daqui que tudo nasceu. De 6000 metros quadrados compostos por quase dois milhões de fragmentos em mosaico feitos à mão – de 18 cores e 11 formas –, que organizaram o espaço e unificaram os vários edifícios históricos, cuja parte central está classificada como Monumento Histórico, e que estão situados em torno de um magnífico pátio. Este foi o gesto que Pardo concebeu, a par do desenho dos 400 candeeiros esculturais, dos cerca de 1300 móveis desenhados e feitos manualmente no seu estúdio ou das pinturas originais feitas nas portas, muitas delas inspiradas nas gravuras japonesas que tanto fascinavam Van Gogh.