Um refúgio “à metrópole de vidro e betão”. É assim que Andre Mellone expressa a forma como o seu subconsciente projectou uma composição ecléctica e sentimentalista. O proprietário e designer de interiores descreve em tom filosófico como este apartamento de tipologia T2, no bairro de Chelsea, em Nova Iorque, “sobreviveu a crises financeiras, blackouts, relacionamentos, enchentes e furacões”, revelando que estamos perante a quarta versão do seu interior. O designer brasileiro encara as remodelações como fases da vida. Enquanto existir um período de crescimento e amadurecimento constantes do seu negócio, o Studio Mellone, esta evolução também será evidenciada na forma como se expressa enquanto pessoa, remanescendo uma transformação sustentada pelo “momento presente”.
Uma habitação com quatro metros de pé direito duplo – composta por dois quartos, cozinha, quarto de banho, sala de estar e jantar –, com um conceito isento de rótulos, onde existiu liberdade criativa para “experimentar ideias, sem ter medo de errar”. Aqui, a mistura de épocas caracteriza as peças de mobiliário e objectos decorativos que o designer acumulou ao longo dos anos. Na sala de estar, em plano aberto, difundem-se peças de diferentes texturas de madeira e fibras naturais – imersas numa paleta de tonalidades neutras e conjugadas com tons ocres e verdes –, que deixam os elementos decorativos antigos e as peças contemporâneas falarem por si, como os abajures de Robsjohn-Gibbings, o banco e cadeira em madeira de mogno africano da Green River Project e as mesas de apoio escuras de Rick Owens.