• Traços de família

    Lisboa, Portugal

journal

 
24 / 07 / 2016
Depois de 20 anos na Bélgica, Luísa regressou a Portugal com os filhos gémeos de 10 anos. Percebeu que esta era “a” casa no momento em que aqui entrou. É uma casa dentro de um prédio, tem áreas generosas, uma escada ampla, e uma vista para o rio que a encantou, e que lhe lembrou a infância e a adolescência passadas em frente ao mar, na Granja. Parecia o lugar perfeito para se readaptar a Portugal, e foi. Um local de paz e felicidade, e de encontros. A casa esteve sempre aberta, algo que é tradição no Porto, mas também na família. Vinham os familiares e os amigos para as festas. E era ali também que os filhos adolescentes reuniam os amigos.

As três salas comunicantes, com uma varanda corrida sobre o tradicional eléctrico 28, são amplas, mas acolhedoras. A copa e a cozinha, com despensa e lavandaria, são generosas também, e é em torno da mesa que muitas vezes decorrem os jantares de reencontro. Existem quatro quartos: dois para os filhos, um para os hóspedes e o quarto da Luísa, com uma casa de banho luminosa, que antes era a salinha da viúva que lá vivia. Uma outra casa de banho era o antigo quarto de engomar. Foram feitas algumas obras, mas procurou sempre manter a traça e a vida daquela casa pombalina.

Depois voltou a fazer pequenas intervenções: o quarto dos brinquedos das crianças passou a quarto de vestir, e os quartos das crianças (agora adultos) reconverteram-se para receber os amigos. Já não tem cortinas como de início. E mudou a paleta: a casa é agora menos rosa e encarnada, mais azul e cinzenta, sobre uma base suave. Nas peças decorativas é também o azul que sobressai, com peças de loiça (chinesa, portuguesa, e de toda a parte), que herdou, mas que também foi recebendo de amigos. Na Bélgica ia a leilões, percorria casas de antiguidades. Mas o mobiliário foi maioritariamente herdado, veio da casa da Granja, da casa da avó no Porto da quinta no Douro. Da mãe, inglesa, que era uma pessoa com uma sensibilidade muito grande, herdou o bom gosto, e a facilidade em manusear objectos e cores. Para além da história da família que marca a casa, Luísa gosta das histórias que foi ouvindo de pessoas que ali tinham vivido, como a do último bebé (terão sido cinco) que ali nasceu na mesa da cozinha. Foi recolhendo memórias e traçando o retrato da casa que agora é sua.  
Design de Interiores: Luísa Cálem
Área: 330 m2
Produção: Ana Lapão

Fotos: Carlos Cezanne
Texto: Joana Ramalho 
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