Fotografia: Paula Yubero Trabalhos © Cortesia Juan Baraja
11 / 01 / 2023
Texto: Verónica de Mello
“A fotografia é uma ferramenta que te aproxima da realidade de outra forma, que a fragmenta, que diz a verdade mas que também mente, e que pode contar histórias.”
O seu trabalho faz um cruzamento entre a arte e a arquitectura, num olhar focado pela lente da sua câmara fotográfica. Estudou na Universidade de Belas Artes de Barcelona mas, tal como afirma, “sempre foi fotógrafo” e a sua vontade de imortalizar o presente, conter esse momento, parar o tempo e sacralizá-lo, levaram-no a produzir imagens que não contêm nenhum símbolo de emoção.
A figura humana, até ao ano de 2014, não fazia parte do universo que retratava; esta inclusão dá-se com o trabalho desenvolvido nos fiordes de Eyjafjördur, na Islândia, onde investiga esse habitat regido por grandes condicionantes e por “uma luz quase porosa.” No seu trabalho, aparecem rostos impassíveis e corpos que se deixam imóveis, sem a menor tensão provocada pelo movimento, uma ode à pureza, à calma, a um ritmo que exige parar para olhar. Ver aquilo que não nos seria óbvio, exigir em surdina essa paragem perante a imagem.
O seu atelier é no centro de Madrid, numa antiga nave industrial, um lugar de trabalho com luz abundante e cores vibrantes, uma casa-atelier que reflecte a boa disposição e o seu olhar esteta. A investigação tem conduzido Juan Baraja por Lisboa, Washington, Roma ou Reykjavík, entre outros lugares de pesquisa de uma estética que lhe interessa. Vários são os temas de investigação, dos bairros sociais da década de 70 ao projecto Utopie Abitative, onde procura compreender a diferença entre a utopia arquitectónica dessa década e a realidade marginal da vivência actual. Esta procura pela arquitectura como espaços de habitar, como contentor de vida, retira o aspecto de grandeza ou monumentalidade que possa ter e traz até ao espectador a verdade que o fotógrafo consegue captar nesse olhar calmo e preocupado com a composição e a luz, que tanto o caracteriza. A beleza, não como um momento instantâneo ou passageiro, mas como uma verdade que tem tempo próprio e que, por essa razão, é capaz de mostrar as suas cicatrizes.
VERÓNICA DE MELLO O que lhe interessa na imagem estática?
JUAN BARAJA A fotografia é uma ferramenta que te aproxima da realidade de outra forma, que a fragmenta, que diz a verdade mas que também mente, e que pode contar histórias. No meu caso, a imagem estática é acompanhada por elementos fixos e, na ausência de movimento, cada disparo pode ser dilatado em segundos ou mesmo minutos. O trabalho com o grande formato, o pano preto, fez-me redescobrir a fotografia.
A figura humana, até ao ano de 2014, não fazia parte do universo que retratava; esta inclusão dá-se com o trabalho desenvolvido nos fiordes de Eyjafjördur, na Islândia, onde investiga esse habitat regido por grandes condicionantes e por “uma luz quase porosa.” No seu trabalho, aparecem rostos impassíveis e corpos que se deixam imóveis, sem a menor tensão provocada pelo movimento, uma ode à pureza, à calma, a um ritmo que exige parar para olhar. Ver aquilo que não nos seria óbvio, exigir em surdina essa paragem perante a imagem.
O seu atelier é no centro de Madrid, numa antiga nave industrial, um lugar de trabalho com luz abundante e cores vibrantes, uma casa-atelier que reflecte a boa disposição e o seu olhar esteta. A investigação tem conduzido Juan Baraja por Lisboa, Washington, Roma ou Reykjavík, entre outros lugares de pesquisa de uma estética que lhe interessa. Vários são os temas de investigação, dos bairros sociais da década de 70 ao projecto Utopie Abitative, onde procura compreender a diferença entre a utopia arquitectónica dessa década e a realidade marginal da vivência actual. Esta procura pela arquitectura como espaços de habitar, como contentor de vida, retira o aspecto de grandeza ou monumentalidade que possa ter e traz até ao espectador a verdade que o fotógrafo consegue captar nesse olhar calmo e preocupado com a composição e a luz, que tanto o caracteriza. A beleza, não como um momento instantâneo ou passageiro, mas como uma verdade que tem tempo próprio e que, por essa razão, é capaz de mostrar as suas cicatrizes.
VERÓNICA DE MELLO O que lhe interessa na imagem estática?
JUAN BARAJA A fotografia é uma ferramenta que te aproxima da realidade de outra forma, que a fragmenta, que diz a verdade mas que também mente, e que pode contar histórias. No meu caso, a imagem estática é acompanhada por elementos fixos e, na ausência de movimento, cada disparo pode ser dilatado em segundos ou mesmo minutos. O trabalho com o grande formato, o pano preto, fez-me redescobrir a fotografia.
Como começou a relação com a arquitectura? Quando comecei a fotografar, descobri que a arquitectura era um tema que se adequava à minha forma de trabalhar. Permitia-me trabalhar lentamente e prestar atenção à cena, dando-me tempo para controlar cada detalhe da imagem, desde concentrar-me numa composição precisa até fazer uma avaliação minuciosa da luz sobre as coisas.
"NORLANDIA"
"NORLANDIA"
“Y VASCA/EUSKAL YS” (2021).
"MELARA"
"MELARA"
“EXPERIMENTO BANANA” (2014).
“EXPERIMENTO BANANA” (2014).
"PARNASO"
“SERT-MIRÓ” (2015).
“ÁGUAS LIVRES” (2012-2014).
“CATEDRALES” (2012).
Para mais informações, visite o website Juan Baraja.