Na ausência de ruído, abre-se espaço para o essencial. Texturas e histórias dispersas atravessam a luz coada que inunda o interior desta casa erguida há mais de 25 anos nas proximidades do lago Avándaro, na zona norte de Valle de Bravo, a duas horas da Cidade do México. Lá dentro, celebrar e contemplar são verbos frequentes. Uma beleza simples, essencialmente cálida, reverbera por toda a parte do projecto assinado por Mariana Morales, a principal responsável pela natureza serena deste reduto “que nos ajuda reconectar e escapar à agitação profissional”.
O desafio não era simples. Num lote desnivelado e compartimentado, os proprietários idealizaram “uma casa refrescante, com acabamentos actualizados, que pudesse receber visitas mais frequentes, preservando a sensação de refúgio de fim-de-semana”. Depois de rasgar janelas e de remover paredes antigas, a arquitecta mexicana infundiu-lhe a sua estética pessoal, favorecendo a fluidez do espaço ao adicionar duas colunas de 20 metros de altura ao longo dos dois pisos da propriedade. Transportando para o andar superior as zonas privadas, é no piso térreo que decide manter o centro de gravidade da casa, partindo de uma pintura da artista mexicana Beatriz Zamora para nos dar a conhecer o open space que interliga a cozinha, sala de estar e sala de jantar, um lugar onde a paisagem se infiltra pelas superfícies translúcidas da habitação.