Fotografia: Cortesia ATELIER DATA
19 / 01 / 2022
O que começou por ser um “desafio entre amigos, que procurava agregar sob o chapéu de uma formação comum (a da arquitectura)” diferentes origens, essências e prismas, deu lugar ao Atelier Data. Hoje, passados mais de 15 anos, Marta Frazão, Filipe Rodrigues e Inês Vicente entendem que o sucesso deste colectivo, composto por uma vasta equipa de parceiros e colaboradores, assenta nas “contradições, divergências e diversidade de pensamento” que o trio aplica à resolução dos problemas da arquitectura.
Patrícia Ramos: Dos projectos que (ainda) não saíram do papel, qual desejariam que fosse efectivamente construído? Porquê? Atelier Data: Há um projecto, em particular, o “Forwarding Dallas”, que gostaríamos muito que tivesse avançado. No âmbito de um concurso internacional, consistia no desenvolvimento do primeiro quarteirão sustentável no mundo, cujo protótipo se concretizaria em Dallas, Texas. O nível de exigência e ambição associado aos temas da sustentabilidade que cruzavam as questões de eficiência energética, da autonomia alimentar, da partilha de serviços e da qualidade de vida das pessoas nas cidades, desafiava-nos a uma investigação profunda e multidisciplinar que muito nos motivou e aliciou. Decorridos mais de dez anos, continua a ser um projecto com muito interesse e relevância face aos desafios multidimensionais que enfrentamos na actualidade.
PR: O que vos leva a participar em vários concursos de ideias com abordagens conceptuais? AD: Os concursos criam muitas vezes as condições para explorar e investigar certos temas que, de outro modo, não encontrariam espaço ou pretexto para o seu desenvolvimento. Representam momentos críticos dentro da vida do atelier que conciliam uma extraordinária liberdade com a necessidade de fazer opções, apontar uma direcção, construir um caminho num tempo relativamente curto.
PR: Até ao momento, que projecto consideram ser o mais característico da vossa filosofia arquitectónica? AD: Somos avessos a visões unívocas da arquitectura. Não temos propriamente uma filosofia, um discurso ou um pensamento comum. O que temos percebido com a nossa prática ao longo destes anos é que existem preocupações e ambições que cruzam e atravessam a generalidade dos projectos. Essas preocupações estão invariavelmente relacionadas com a paisagem, com os modos de integração e dos contextos em que se inscreve a construção, com as relações que são possíveis construir entre o interior e o exterior e que vão insinuando uma certa ideia de “mediterraneidade”. Os pátios, os alpendres, as açoteias, os muros e os adros são alguns dos recursos formais que integram essa exploração.
PR: O que vos leva a participar em vários concursos de ideias com abordagens conceptuais? AD: Os concursos criam muitas vezes as condições para explorar e investigar certos temas que, de outro modo, não encontrariam espaço ou pretexto para o seu desenvolvimento. Representam momentos críticos dentro da vida do atelier que conciliam uma extraordinária liberdade com a necessidade de fazer opções, apontar uma direcção, construir um caminho num tempo relativamente curto.
PR: Até ao momento, que projecto consideram ser o mais característico da vossa filosofia arquitectónica? AD: Somos avessos a visões unívocas da arquitectura. Não temos propriamente uma filosofia, um discurso ou um pensamento comum. O que temos percebido com a nossa prática ao longo destes anos é que existem preocupações e ambições que cruzam e atravessam a generalidade dos projectos. Essas preocupações estão invariavelmente relacionadas com a paisagem, com os modos de integração e dos contextos em que se inscreve a construção, com as relações que são possíveis construir entre o interior e o exterior e que vão insinuando uma certa ideia de “mediterraneidade”. Os pátios, os alpendres, as açoteias, os muros e os adros são alguns dos recursos formais que integram essa exploração.
Casa Mãe, Alcácer do Sal © Richard John Seymour
Casa Cabrita Moleiro, Lagoa © Richard John Seymour
Atelier Data, Lisboa © Richard John Seymour
Sede de Escritórios, Lisboa © Fernando Guerra
Edifício Rua dos Fanqueiros, Lisboa © Fernando Guerra
Casa no Cercal, Alentejo © John Seymour
PR: Quais os vossos grandes ícones da arquitectura portuguesa? E internacionais? AD: Acompanhamos o trabalho das figuras tutelares da arquitectura portuguesa, ou seja, dos grandes mestres percursores e fazedores da modernidade no país, mas também de novos colectivos, cuja diversidade de abordagens é muito estimulante e enriquecedora.
Do ponto de vista internacional, destacamos, entre muitos outros, o presente interesse pela arquitectura desenvolvida por uma nova vaga de arquitectos em países como o México, o Chile ou o Peru.
Do ponto de vista internacional, destacamos, entre muitos outros, o presente interesse pela arquitectura desenvolvida por uma nova vaga de arquitectos em países como o México, o Chile ou o Peru.
Casa no Cercal, Alentejo © John Seymour
Casa no Montoito, Lourinhã © 3D Martim Gamelas
Casa Praia Grande, Sintra © 3D Martim Gamelas
Moradia Belas, Sintra © 3D Martim Gamelas
Casa Vale Covo, Bombarral © 3D Martim Gamelas
Para mais informações, visite o website atelier DATA.