Fotografia: Carmo Oliveira e Henrique Isidoro
03 / 06 / 2024
Na Austrália, conjugou o rugby de alta competição com a arquitectura. Foi aqui que Vasco Fragoso Mendes se encontrou numa linguagem visceral em torno da arquitectura, do design e da marcenaria concretizada em objectos de profunda humanidade.
ALEXANDRA NOVO: Foi em Portugal que aprendeu a trabalhar a madeira, com o mestre Francisco Sousa. Como se deu este encontro?
VASCO FRAGOSO MENDES: Conheci o Mestre Francisco Sousa em Dezembro de 2015, quando entrei pela oficina da Faculdade de Arquitectura de Lisboa pela primeira vez. Reparei que estava sempre ocupado com as suas coisas, e eram raros os alunos que lhe pediam ajuda. Tal como qualquer aluno, comecei a trabalhar a pensar que conseguiria fazer sozinho, mas rapidamente percebi que não percebia. Fui ter com ele e pedi-lhe para me ensinar a fazer uma cadeira. Fiz a cadeira num dia e fiquei muito entusiasmado com o facto de poder desenhar e construir em tão pouco tempo, em poder controlar o processo do início ao fim. A partir daí fui inventando peças para construir, mais para aprender do que propriamente pela peça em si, e seis meses depois estava a vender peças a amigos e família.
Como traduz a abordagem experimental do Barracão WAD? Trabalha com a equipa de marcenaria na construção das peças? Quais são as inspirações no dia-a-dia? E os maiores desafios? Gosto de experimentar e gosto de propor peças novas, sem pôr em causa o uso que têm de ter. O nome Wood Architecture Design vem daí, porque acredito que as peças que crio devem cumprir uma função utilitária, com valor estético e capazes de melhorar o ambiente onde se inserem. Tenho o meu próprio atelier, onde estou todos os dias com a minha equipa.
Por um lado, as peças hoje são mais detalhadas antes de começarmos a produzir, mas, por outro, gosto e faço questão de deixar que o processo contamine o trabalho e o resultado final. Um dos maiores desafios, e onde gosto de me desafiar, é trazer realidade às peças imaginadas, sem perderem a sua irreverência e interesse em prol da função.
Falemos da matéria-prima. Porquê a madeira? Com que tipo de madeiras trabalha? Madeira porque é um material muito trabalhável e que me permite criar sem muitas restrições aparentes. Ao mesmo tempo, é um material muito desafiante pelas suas características e movimentos. Desde 2018 que vou juntando pranchas de madeira que encontro em oficinas e serrações antigas. Tenho algumas peças que comprei na Fernandes & Fernandes, em Lisboa, de madeira que veio de São Tomé, Brasil ou Moçambique, nos anos 60, que nada tem a ver com o que se encontra hoje. Há três anos fiquei com um stock de uma carpintaria que ia fechar e tenho peças de macacaúba, que era muito usada em pavimentos nos anos 60/70. Nem sempre é fácil encontrar a peça certa para as usar, mas vai acontecendo. Actualmente trabalho muito com carvalho francês e iroko. São madeiras que os clientes conhecem, querem e eu próprio conheço bem e consigo prever o movimento, desenhar com o veio e garantir que as peças duram.
VASCO FRAGOSO MENDES: Conheci o Mestre Francisco Sousa em Dezembro de 2015, quando entrei pela oficina da Faculdade de Arquitectura de Lisboa pela primeira vez. Reparei que estava sempre ocupado com as suas coisas, e eram raros os alunos que lhe pediam ajuda. Tal como qualquer aluno, comecei a trabalhar a pensar que conseguiria fazer sozinho, mas rapidamente percebi que não percebia. Fui ter com ele e pedi-lhe para me ensinar a fazer uma cadeira. Fiz a cadeira num dia e fiquei muito entusiasmado com o facto de poder desenhar e construir em tão pouco tempo, em poder controlar o processo do início ao fim. A partir daí fui inventando peças para construir, mais para aprender do que propriamente pela peça em si, e seis meses depois estava a vender peças a amigos e família.
Como traduz a abordagem experimental do Barracão WAD? Trabalha com a equipa de marcenaria na construção das peças? Quais são as inspirações no dia-a-dia? E os maiores desafios? Gosto de experimentar e gosto de propor peças novas, sem pôr em causa o uso que têm de ter. O nome Wood Architecture Design vem daí, porque acredito que as peças que crio devem cumprir uma função utilitária, com valor estético e capazes de melhorar o ambiente onde se inserem. Tenho o meu próprio atelier, onde estou todos os dias com a minha equipa.
Por um lado, as peças hoje são mais detalhadas antes de começarmos a produzir, mas, por outro, gosto e faço questão de deixar que o processo contamine o trabalho e o resultado final. Um dos maiores desafios, e onde gosto de me desafiar, é trazer realidade às peças imaginadas, sem perderem a sua irreverência e interesse em prol da função.
Falemos da matéria-prima. Porquê a madeira? Com que tipo de madeiras trabalha? Madeira porque é um material muito trabalhável e que me permite criar sem muitas restrições aparentes. Ao mesmo tempo, é um material muito desafiante pelas suas características e movimentos. Desde 2018 que vou juntando pranchas de madeira que encontro em oficinas e serrações antigas. Tenho algumas peças que comprei na Fernandes & Fernandes, em Lisboa, de madeira que veio de São Tomé, Brasil ou Moçambique, nos anos 60, que nada tem a ver com o que se encontra hoje. Há três anos fiquei com um stock de uma carpintaria que ia fechar e tenho peças de macacaúba, que era muito usada em pavimentos nos anos 60/70. Nem sempre é fácil encontrar a peça certa para as usar, mas vai acontecendo. Actualmente trabalho muito com carvalho francês e iroko. São madeiras que os clientes conhecem, querem e eu próprio conheço bem e consigo prever o movimento, desenhar com o veio e garantir que as peças duram.
A manualidade humaniza os objectos? Sem dúvida que o facto de trabalhar à mão torna o objecto muito mais interessante e com valor humano.
Para mais informações, visite o website Barracão.