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10 / 08 / 2019
Celebrando o poder da arte e da cultura contemporânea africanas, a 8ª edição da Bienal de Artes e Cultura N´GOLÁ, em São Tomé e Príncipe, é um evento de presença obrigatória a decorrer até ao dia 18 de Agosto. Empenhada em promover as múltiplas de percepções em torno do Continente Africano, é uma iniciativa que nos introduz a uma nova geração de artistas e designers africanos que, rapidamente, estão a reformular os conceitos de cultura e identidade. Conversámos com a curadora do evento, Renny Ramakers – co-fundadora e directora do colectivo de design Droog – para entender melhor a sua perspectiva e ligação a este surpreendente evento.
Enquanto curadora da Bienal N'GOLÁ, pode explicar-nos a inspiração por detrás deste festival e os seus principais objetivos?
Ao longo da minha carreira como curadora, interessei-me sempre por cruzar fronteiras entre as disciplinas e misturar diferentes culturas, procurando formas de envolver o público e de interagir com os visitantes. Com efeito, o N'GOLÁ é um evento multidisciplinar com muita interação com as pessoas. O objectivo principal desta 8ª edição da Bienal de São Tomé e Príncipe é fortalecer os laços entre o Continente Africano e São Tomé e Príncipe. Outrora ilhas desabitadas, foram colonizadas pelos portugueses desde o final do século XV até 1974. Sendo um antigo interposto de comércio de escravos e plantação colonial, foi moldado pelos portugueses e pelos homens e mulheres sequestrados do continente africano que ali foram colocados para trabalhar e cujo futuro seria determinado pelos descendentes de africanos escravizados.Ao fazer essas conexões, propositalmente procurei trabalhos que pudessem fortalecer uma narrativa mais positiva e edificante do que a que é geralmente contada sobre África. Estava à procura de uma narrativa que contrariasse essa imagem de África como um lugar de tristeza e sofrimento: embora essa imagem possa ser justificada pelas duras realidades diárias de África e do seu passado problemático, ela também coloca o continente num cliché injusto de impotência e falta de gestão. Apercebi-me que uma nova narrativa tem vindo a ganhar força, a de uma África dinâmica e autoconfiante, incorporando força, optimismo e esperança para o futuro, particularmente entre as gerações mais jovens. Durante a minha pesquisa, fiquei impressionada ao encontrar tantos artistas africanos com o objectivo de criar uma nova visão sobre o seu mundo através da beleza, da poesia, da ironia ou do sentido de humor, sem nunca negar a sua realidade diária. Assim, a Bienal e o fim de semana de abertura do festival celebram o poder e a beleza das artes africanas.
Enquanto curadora da Bienal N'GOLÁ, pode explicar-nos a inspiração por detrás deste festival e os seus principais objetivos?
Ao longo da minha carreira como curadora, interessei-me sempre por cruzar fronteiras entre as disciplinas e misturar diferentes culturas, procurando formas de envolver o público e de interagir com os visitantes. Com efeito, o N'GOLÁ é um evento multidisciplinar com muita interação com as pessoas. O objectivo principal desta 8ª edição da Bienal de São Tomé e Príncipe é fortalecer os laços entre o Continente Africano e São Tomé e Príncipe. Outrora ilhas desabitadas, foram colonizadas pelos portugueses desde o final do século XV até 1974. Sendo um antigo interposto de comércio de escravos e plantação colonial, foi moldado pelos portugueses e pelos homens e mulheres sequestrados do continente africano que ali foram colocados para trabalhar e cujo futuro seria determinado pelos descendentes de africanos escravizados.Ao fazer essas conexões, propositalmente procurei trabalhos que pudessem fortalecer uma narrativa mais positiva e edificante do que a que é geralmente contada sobre África. Estava à procura de uma narrativa que contrariasse essa imagem de África como um lugar de tristeza e sofrimento: embora essa imagem possa ser justificada pelas duras realidades diárias de África e do seu passado problemático, ela também coloca o continente num cliché injusto de impotência e falta de gestão. Apercebi-me que uma nova narrativa tem vindo a ganhar força, a de uma África dinâmica e autoconfiante, incorporando força, optimismo e esperança para o futuro, particularmente entre as gerações mais jovens. Durante a minha pesquisa, fiquei impressionada ao encontrar tantos artistas africanos com o objectivo de criar uma nova visão sobre o seu mundo através da beleza, da poesia, da ironia ou do sentido de humor, sem nunca negar a sua realidade diária. Assim, a Bienal e o fim de semana de abertura do festival celebram o poder e a beleza das artes africanas.
O que pode dizer-nos sobre os artistas que vemos aqui? Já tinha trabalhado antes com alguns deles?
Nunca tinha trabalhado com nenhum desses artistas. O trabalho de todos eles é forte, elegante, bonito, imaginativo, poético, às vezes engraçado e divertido. E ao mesmo tempo está fortemente ligado às suas realidades quotidianas, com todos os altos e baixos, ao seu passado e futuro idealizado.
Na sua opinião, quais os maiores pontos fortes destes artistas, e os desafios que enfrentam, nos dias de hoje?
Acho que o trabalho destes artistas representa orgulho, esperança e beleza. E é disso que o mundo precisa hoje em dia.
O que é que o público pode esperar das obras de arte e das diferentes actividades que vão ter lugar durante o festival?
As pessoas são convidadas a refletirem e a divertirem-se. Vão encontrar trabalhos extremamente bonitos, com um significado profundo. Durante estes dias vão decorrer apresentações de arte nas quais podem participar; vão poder desfrutar de uma experiência gastronómica proporcionada por João Carlos Silva; ou participar numa excursão à floresta tropical, dançar e ouvir música. Podem ainda participar numa conferência do Design Indaba sobre o futuro da arte africana e, se tiverem cabelo africano, no salão Salooni poderão ser penteadas de uma forma muito especial.
Nunca tinha trabalhado com nenhum desses artistas. O trabalho de todos eles é forte, elegante, bonito, imaginativo, poético, às vezes engraçado e divertido. E ao mesmo tempo está fortemente ligado às suas realidades quotidianas, com todos os altos e baixos, ao seu passado e futuro idealizado.
Na sua opinião, quais os maiores pontos fortes destes artistas, e os desafios que enfrentam, nos dias de hoje?
Acho que o trabalho destes artistas representa orgulho, esperança e beleza. E é disso que o mundo precisa hoje em dia.
O que é que o público pode esperar das obras de arte e das diferentes actividades que vão ter lugar durante o festival?
As pessoas são convidadas a refletirem e a divertirem-se. Vão encontrar trabalhos extremamente bonitos, com um significado profundo. Durante estes dias vão decorrer apresentações de arte nas quais podem participar; vão poder desfrutar de uma experiência gastronómica proporcionada por João Carlos Silva; ou participar numa excursão à floresta tropical, dançar e ouvir música. Podem ainda participar numa conferência do Design Indaba sobre o futuro da arte africana e, se tiverem cabelo africano, no salão Salooni poderão ser penteadas de uma forma muito especial.
Há algo que procure explorar, em particular, quando faz a curadoria de um evento?
Para mim, independentemente do tema ou disciplina, ser curadora de um evento é, acima de tudo, uma busca por inspiração, impulsionada por uma insatisfação com regras, normas, valores e suposições existentes. O meu trabalho como curadora é intuitivo: embora comece com uma questão inicial clara, não procuro trabalhos que se ajustem e que ilustrem um conceito pré-definido. Cada trabalho que me inspira acrescenta algo à narrativa. Essa interacção com o trabalho e a visão dos artistas é essencial: eles fazem-me avançar e recuar no meu caminho quando necessário.
Qual a sua filosofia sobre o design, e a vida em geral?
A vida está cheia de oportunidades. Agarre-as!
Para mim, independentemente do tema ou disciplina, ser curadora de um evento é, acima de tudo, uma busca por inspiração, impulsionada por uma insatisfação com regras, normas, valores e suposições existentes. O meu trabalho como curadora é intuitivo: embora comece com uma questão inicial clara, não procuro trabalhos que se ajustem e que ilustrem um conceito pré-definido. Cada trabalho que me inspira acrescenta algo à narrativa. Essa interacção com o trabalho e a visão dos artistas é essencial: eles fazem-me avançar e recuar no meu caminho quando necessário.
Qual a sua filosofia sobre o design, e a vida em geral?
A vida está cheia de oportunidades. Agarre-as!
Para mais informações, visite o site do festival N'GOLÁ.
Texto: Joana Jervell
Imagens: Cortesia N'GOLÁ Festival
Texto: Joana Jervell
Imagens: Cortesia N'GOLÁ Festival