• Creston House

journal

Fotografia: Joe Fletcher 
17 / 10 / 2025
No coração do norte da Califórnia, o mais recente projeto da Mork-Ulnes Architects presta homenagem ao legado da industrialização na arquitetura. 
Originalmente projetada por Roger Lee, Creston House abraça o diálogo entre o presente e o passado e reafirma a relevância duradoura dos princípios modernistas.

Honrando os conceitos espaciais originais de uma casa “mid-century”, a Mork-Ulnes Architects conseguiu com esta restauração, adaptar o espaço a uma vida moderna. Este projeto mantém-se historicamente fiel ao original, enquanto reflete uma abordagem arquitetónica que se apoia nas melhores tradições de construção.

Com vistas deslumbrantes para a Baía de São Francisco, o edifício original exemplificava os princípios de design característicos de Lee, que combinavam o modernismo global com o artesanato da região. Influenciado por outros arquitetos, Roger Lee desenhou casas eficientes, acessíveis e despretensiosas para a classe média. A escala modesta, o fluxo aberto e a estrutura exposta da Creston House refletem esse ethos, permitindo que esta permaneça profundamente conectada com o seu redor.

Neste projeto, a equipa da Mork-Ulnes preservou os elementos que definem o caráter da casa, fazendo algumas intervenções de forma a melhorar e renovar o edifício. A remoção cirúrgica de pequenas secções das paredes abriu a cozinha para a zona de estar principal. Esta opção permitiu desenhar um volume, revestido a madeira, no centro da casa, que alberga espaços de arrumação dentro de armários meticulosamente trabalhados. Este elemento contrasta com a forte linguagem plana das vigas expostas, do teto laminado e dos grandes painéis de vidro, enfatizando dinamicamente o caráter do projeto original.

O processo de restauração da Mork-Ulnes Architects manteve-se fiel aos princípios fundamentais que definiram a visão arquitetónica de Roger Lee. O seu trabalho combinava a pré-fabricação e a produção em série com uma forte sensibilidade artesanal — uma abordagem que garantia eficiência e uma estética refinada. A intervenção do gabinete de arquitetura respeitou estes princípios, mantendo a autenticidade espacial e dos materiais. Cada detalhe, desde os elementos estruturais aos acabamentos interiores, foi abordado com uma filosofia de “nada mais, nada menos”: um equilíbrio cuidadoso entre contenção e precisão, garantindo que a integridade do design permanece intacta, enquanto se adapta aos padrões de vida contemporâneos.

A cozinha renovada reforça esta linguagem de design, onde os elementos funcionais estão escondidos em volumes de madeira, com eletrodomésticos totalmente integrados e bancadas com superfícies de madeira. Os pisos em azulejo foram removidos e substituídos por carvalho vermelho, para combinar com o resto da casa, aumentando a sensação de espacial em todos os espaços. As casas de banho, por detrás de grandes painéis de madeira, surpreendem de forma divertida com mosaicos vermelhos, sublinhando o jogo equilibrado de “esconder e revelar”.

A sustentabilidade foi uma preocupação fundamental no projeto, com a reutilização a desempenhar um papel principal. Ao invés de adotar uma abordagem aditiva convencional, o arquiteto Casper Mork-Ulnes empregou uma metodologia redutiva para atingir os objetivos de design. 99% do edifício original foi mantido, reforçando as vantagens ambientais de trabalhar dentro de uma estrutura arquitetónica existente.

Creston House dá continuidade à exploração da Mork-Ulnes Architects dos princípios modernistas do “mid-century”, dentro dos desafios arquitetónicos atuais. Ao mesmo tempo, levanta questões sobre a sustentabilidade ambiental e económica das práticas contemporâneas de construção. 
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