No coração de Fitzroy North, em Melbourne, a renovação de uma clássica casa vitoriana tornou-se no palco ideal para um encontro improvável entre um minimalista dinamarquês e uma exuberante egípcio-australiana, que partilham um traço comum: são daltónicos.
A fachada em madeira foi respeitada e pintada num tom creme quente. A entrada, em cor de damasco, dá o tom lúdico logo à chegada. Lá dentro, tudo se abre: a estrutura original foi redesenhada com espaços amplos e interligados, onde cores, padrões e texturas conversam num equilíbrio entre o pragmatismo escandinavo e a exuberância exótica. Um corredor em tom pêssego conduz à extensão recém-construída. Pelo caminho, portas inesperadas revelam espaços surpreendentes que culminam numa sala ampla que junta um lounge de Verão, zona de refeições, cozinha e um cénico recanto de pequeno-almoço inspirado pelas construções do mestre Hassan Fathy. A delimitação dos espaços é feita com humor e precisão: mosaicos de porcelana desenham "tapetes" ao estilo persa, que sobem pelas paredes e se estendem até ao terraço.
Na cozinha, ilhas em madeira com granito turquesa embutido – porque até as fruteiras foram pensadas ao detalhe –, conversam com armários verde-maçã e puxadores em tangerina, transportando-nos directamente para um mercado em Marraquexe. Mármore Rosso Asiago e Verde Riviera encontram-se nos quartos de banho, onde banheiras elevadas, bancos embutidos e azulejos ascendentes reinventam ambientes de hamam. Na sala de Inverno, o passado é honrado com tectos ornamentados, candeeiros suspensos em vidro e sofás em tons inspirados em especiarias do Médio Oriente. Um tapete de Nipa Doshi e Jonathan Levien para a Nanimarquina traz motivos geométricos que ecoam nas cortinas em tom de açafrão. Na suite principal, os tons dos vitrais suavizam-se com rosas e lilases, numa referência à glicínia existente no pátio – e que em breve cobrirá a pérgula feita com madeira reciclada.