“Gostaríamos de sentir que vivemos dentro de um museu japonês”. Para Gustavo e Cynthia, a casa de família deve ser um espaço onde o tempo desacelera, onde a luz se filtra suavemente, onde o silêncio se torna tangível — como num museu japonês.

Num bairro sem paisagens marcantes, a Casa Tao ocupa um lugar especial. Uma praça com árvores que oferece sombra e alguma frescura, orientou o desenho do projeto. Evitando grandes superfícies envidraçadas, que poderiam intensificar o calor, a equipa do HW Studio propôs uma relação oblíqua e angular da casa com a praça, permitindo sentir a presença deste espaço público, sem que o edifício ficasse totalmente exposto à forte luz solar.
O ato de habitar é enquadrado indiretamente, como se a casa estivesse a observar o mundo de forma diagonal e modesta, deixando apenas passar o vento e a fragrância do mar, não muito distante.

Na base do edifício estão os quartos, a garagem e as áreas de serviço. Acima, os arquitetos desenharam uma caixa suspensa de pé direito duplo para as zonas sociais. “Esta estratégia permitiu-nos elevar a vida social acima do nível da rua, envolvê-la com o ar e abri-la para a praça”. Os pátios elevados funcionam como terraços de contemplação — pequenas plataformas onde se pode respirar o perfume das flores e ouvir as folhas das árvores.
Os quartos estão organizados em torno de um pátio, procurando o silêncio. Aqui, a privacidade é expressa através de um espaço fechado, como um mundo interior. “A casa não olha para a vizinhança; volta-se para dentro, como alguém que procura um refúgio. Mas também não se fecha: abre-se para o céu, para a sombra, para a praça. Tudo está organizado para que a vida aconteça de uma forma mais lenta e plena — mais aberta ao invisível”, explicam os arquitetos.

A materialidade é inevitavelmente tátil e sensorial. Os tons brancos brilham sob o sol da costa, enquanto o betão — pesado e honesto — absorve a luz com delicadeza e se transforma com o uso e com o tempo.
A Casa Tao é um projeto nascido do desejo de viver o mundo com maior atenção. É uma casa que se retira discretamente e oferece os seus espaços como ambientes para contemplação e memória. “Nela, habitar torna-se uma forma de estudo, de pausa, de gratidão. Cada recanto convida a permanecer e cada sombra é uma promessa de bem-estar”.