• BETHAN LAURA WOOD

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16 / 06 / 2022
Criou peças únicas para a Hermès, Perrier–Jouët, Dior ou Valextra, e, ainda hoje, continua a fazer da arte o principal propósito para abraçar a multiculturalidade. Designer, coleccionadora e observadora por natureza, Bethan Laura Wood entrega-se a cada nova colaboração com a mesma intensidade com que se entrega a cada lugar por onde viaja.
Em Ornate, a sua mais recente exposição na Nilufar Gallery, fala-nos da importância da memória e da sua capacidade “em compreender, aprender e educar através de objectos”.

Inês Graça: De que forma as suas viagens influenciam o trabalho que tem vindo a desenvolver? Bethan Laura Wood: Sempre tive interesse em desenhar a partir dos ambientes e objectos que rodeiam o nosso quotidiano. Quando surgem oportunidades para viajar – seja para uma residência ou para promover o meu trabalho – tento aproveitar ao máximo para fotografar e visitar novos locais, e é daí que surge a inspiração. Isso vê-se muito nas colaborações que tenho vindo a realizar, como com Pietro Viero, que conheci numa residência em Vicenza. Também houve uma mudança dos tons da minha “paleta” depois de regressar do México em 2013. Antes as minhas cores estavam muito ligadas a Londres e à Europa, depois começaram a ser mais ousadas, mais complexas, ao reflectirem uma maior confiança na utilização de cores fortes e saturadas, associadas à cultura mexicana. Quando as coisas acalmarem, espero poder voltar a trabalhar directamente com artesãos e produtores da Coreia, China e Japão.

A propósito do tema deste número, podemos dizer que a Memória é igualmente uma ferramenta do seu trabalho? A sua recente exposição na galeria Nilufar, onde materializa o conceito de um boudoir feminino, é um bom exemplo dessa alusão à temporalidade. Nesta exposição, procurámos celebrar a relação de uma década que fui desenvolvendo com a galerista Nina Yashar. Muitos dos trabalhos foram pensados e produzidos durante e depois do confinamento. Quando discutimos as obras e as peças históricas que poderiam ser adequadas, pensámos na possibilidade de recriar o tradicional boudoir, que é, no fundo, a designação de uma sala concebida especificamente para uma mulher. Senti que facilmente se relacionaria com as influências Art Nouveau e do Movimento Estético britânico, tornando-se numa referência subjacente a todas as peças, mas também a Virginia Woolf e a essa ideia de ter um espaço próprio, tão relevante neste período de instabilidade.

Reconhece a preferência por certos tipos de objectos e materiais? Procuro dar resposta a um lugar, material ou a um artesão produtor em vez de optar por produzir um certo tipo de objecto (ainda que haja momentos em que o tipo de objecto surja primeiro), motivo que faz com que haja uma grande variedade naquilo que crio. Costumo dizer que gosto de criar distância através dos detalhes, de criar paisagens para sonhar. Quero que os meus trabalhos tenham várias camadas sem que haja uma estética dominante. Que diferentes pessoas ocupem lugares diferentes, que haja espaço para todo o tipo de imaginação. Por exemplo, em Moon Rock (mesas em marchetaria laminada do conjunto de peças Fake Body), algumas pessoas vêem gelados, outras conchas, outras bactérias ou corpos relacionados com biologia. Adoro que as pessoas vejam algo relacionado com as suas memórias. Muitas pessoas associariam o meu trabalho à cor e ao padrão, mas, para mim, é mais sobre a sobreposição que une todas as peças. 
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“MOON ROCK 83 - SUPER FAKE” MESA /TABLE. Photo © Angus Mills. 
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“FLOWER FOLLY” PARA/FOR DIOR. Photo © Giorgos Nalbadis. 
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“THE FRUITS OF LABOURS” PARA/FOR HERMÈS. Photo © Angus Mill. 
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“ORNATE – BETHAN LAURA WOOD”. NILUFAR GALLERY, MILANO 2021. Photo © Mattia Iotti. 
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“BONBON DOUBLE WALL LAMP” & “BONBON TRIPLE WALL LAMP”. Photo © Emanuel Tortora. 
Conseguiria eleger uma colaboração que a tenha particularmente desafiado? Todas as colaborações têm um elemento desafiante, faz parte da diversão integrar e conhecer outro ponto de vista para criar algo, seja com um material novo ou uma escala diferente. Quando trabalhei com a Perrier-Jouët, esforçámo-nos para criar uma das maiores peças que tínhamos feito até à data, a HyperNature Tree. Esta peça precisava de poder viajar e desfazer-se, e, ainda assim, reflectir a delicadeza e a leveza de um champanhe. Adorei a forma como isto nos levou a criar uma nova linguagem baseada na combinação de alumínio dobrado com cortes lisos e glicínias de PVC pintadas à mão. A Perrier-Jouët também está muito ligada ao movimento Art Nouveau, o que me fez querer saber mais sobre as linhas e formas desta época ou sobre as cores e gradientes de Émile Gallé. 
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“MEISEN CABINET LITTLE BUG”. Photo © Emanuel Tortora. 
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“MEISEN CABINET TALL BUG”. Photo © Emanuel Tortora. 
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“MEISEN DESK”. Photo © Emanuel Tortora.  
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“HYPERNATURE” ÁRVORE /TREE. Photo Courtesy Bethan Laura Wood. 
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VALEXTRA. Photo Courtesy Bethan Laura Wood. 
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Para mais informações, visite o website Bethan Laura Wood
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