LÚCIA RUMOR Como começou a trabalhar nesta área e o que a levou a especializar-se em decoração de interiores? RINA LOVKO Aos cinco anos de idade, decidi que iria ser designer de interiores. Lembro-me que quando me deitava e não conseguia dormir, imaginava que tipo de remodelação poderia fazer no meu quarto. Aos 11 anos, fiz uma dessas remodelações: a minha mãe e eu fomos ao mercado de papel de parede e escolhi papel amarelo e laranja. As janelas do meu quarto estavam vira- das para Sul. Era o quarto mais pequeno e melhor do nosso apartamento em Kiev. Esta vontade de mudar as coisas veio da minha mãe, que gostava de alterar tudo, pendurar, decorar. O meu pai também tinha inclinações artísticas — vi os seus desenhos num álbum do exército. No entanto, ninguém da nossa família tinha profissões criativas.

Quais são as suas preferências quando se trata de diferentes abordagens de design, seja um projecto residencial, comercial ou hoteleiro? O foco de interesse da equipa é a implementação de projectos personalizados em design industrial, design ambiental e arquitectura residencial. O portfólio do estúdio inclui interiores de diferentes tipos e complexidades. As viagens que fiz influenciaram todos os meus projectos, pelas descobertas e ideias que me trouxeram. Estou sempre a pensar no trabalho e o meu cérebro está ligado onde quer que vá. O interior Blue Terracotta foi criado depois de ter regressado da Índia. Os Himalaias são um destino obrigatório para um designer, e para qualquer outra pessoa. Foi uma viagem que dividiu o meu mundo em “antes” e “depois”. Não há arquitectura que se compare a isto. Uma pessoa não pode construir um edifício com oito quilómetros de altura. Mas a natureza pode. Olhando para as montanhas, apercebemo-nos do poder do nosso planeta. Depois desta constatação, começamos a sentir-nos melhor connosco próprios e com a importância do nosso próprio trabalho. 

Como descreve o seu processo de concepção e visão criativa? Quais são os principais factores que equilibram os vossos projectos? Acreditamos que cada projecto tem uma história única e que a linguagem do design pode expressá-la. Os espaços e edifícios têm a sua individualidade e estética original, que são essenciais para definir o diálogo com o cliente, para complementar e para partilhar com o mundo. É por isso que os nossos projectos de interiores são criados para cada cliente em particular, onde combino todas as cores naturais que se harmonizam bem umas com as outras. Agora, estamos mais afastados da cor e a criar interiores monocromáticos. Interessa-me mudar, experimentar novos materiais, encontrar novas soluções. Com o monocromático sinto que sou tentada. Isto porque tem os seus próprios momentos: um jogo complexo com texturas, selecção de materiais e combinações. É sempre mais fácil trabalhar com cores — há mais liberdade para a criatividade. Os interiores académicos que são feitos “segundo as regras” — com contraste, meio-tom, acento, dominante — são correctos, mas incrivelmente aborrecidos. Eu trabalho fora destas regras.