journal
Fotografia: William Jess Laird e Juan de Sande
12 / 07 / 2024
1. Bonacina, A., Lawrence, N., Obler, B. (eds.) (2002), Lynda Benglis, Nueva York, (p. 24)
Entre os meses de Março e Junho os jardins privados do Banca March, no bairro de Salamanca em Madrid, acolheram uma instalação de quatro peças monumentais da artista americana Lynda Benglis.
As esculturas em forma de fontes, expostas pela primeira vez em Espanha, desenvolveram-se em torno da ideia da água como símbolo evocativo do conceito de sustentabilidade. “Sempre quis fazer fontes. Crescer junto a um lago, perto da água, levou-me a querer trabalhar com a água e o seu movimento (…). A água flui sobre e em torno das fontes. São como erupções que irrompem da terra, e a água articula esse carácter explosivo. Isto é algo que sentimos no corpo, a sucção da gravidade. Sempre tive muita consciência disto e isso manifesta-se provavelmente em todo o meu trabalho, de uma forma ou de outra” (1), partilhou a artista.
Nascida em 1941 em Lake Charles, Louisiana, nos EUA, Lynda Benglis marcou uma geração de artistas, num percurso expressionista onde em vários momentos tentou “redefinir o que era”. Da pintura, à fotografia e vídeo, até à escultura, foram inúmeras as experiências, num caminho de afirmação onde se questionava da “rigidez do suporte” e, assim, procurando uma manifestação tridimensional para as suas obras. Proclamada em 1970, pela revista Life, como a herdeira de Jackson Pollock, Lynda Benglis foi também seleccionada, em 2022, para a edição anual especial do The New York Times – The Greats –, na qual a publicação destaca quatro “criadores inimitáveis cujo talento cimentou o seu lugar na cultura”. Uma artista com uma carreira notável, reside em Santa Fé, no Novo México, e continua no activo, aos 82 anos, após seis décadas de um trabalho impactante.
Nascida em 1941 em Lake Charles, Louisiana, nos EUA, Lynda Benglis marcou uma geração de artistas, num percurso expressionista onde em vários momentos tentou “redefinir o que era”. Da pintura, à fotografia e vídeo, até à escultura, foram inúmeras as experiências, num caminho de afirmação onde se questionava da “rigidez do suporte” e, assim, procurando uma manifestação tridimensional para as suas obras. Proclamada em 1970, pela revista Life, como a herdeira de Jackson Pollock, Lynda Benglis foi também seleccionada, em 2022, para a edição anual especial do The New York Times – The Greats –, na qual a publicação destaca quatro “criadores inimitáveis cujo talento cimentou o seu lugar na cultura”. Uma artista com uma carreira notável, reside em Santa Fé, no Novo México, e continua no activo, aos 82 anos, após seis décadas de um trabalho impactante.
Lynda Benglis no seu estúdio/casa no Novo México ©William Jess Laird
Nesta que foi a primeira vez que algumas das obras de uma das mais importantes escultoras americanas dos séculos XX e XXI foram vistas em Espanha, a mostra única nos Jardíns do Banca March foi concebida em conjunto com a Vande, uma empresa internacional especializada na venda privada de obras de arte e produção cultural, e marcou o início das celebrações do centenário do banco, agendado para 2026.
A instituição sempre manifestou a sua forte ligação com a água, reflectindo assim o compromisso que assume desde a sua fundação – a preocupação ambiental, focada em gerar um impacto positivo e contribuir para o desenvolvimento da sociedade de uma forma respeitadora e sustentável. O CEO do Banca March, José Luis Acea, afirma: “Tanto a ideia da exposição como a filosofia da artista americana estão perfeitamente interligadas com a nossa filosofia bancária e empresarial. (…) Desde a sua criação, há quase 100 anos, o Banca March manteve o seu compromisso de crescimento conjunto com clientes, colaboradores, accionistas e sociedade em geral. Nascemos em Maiorca, uma ilha no Mediterrâneo, pelo que no nosso ADN estão a ligação ao mar, à água e a necessidade da sua conservação. Prova disso é que em 2019 criámos o Mediterranean Fund, um fundo de investimento pensado para aliar sustentabilidade e rentabilidade, que investe nos oceanos como fonte de riqueza e na água como bem escasso e essencial a conservar. Sendo o único banco 100% familiar desde as suas origens no sistema financeiro espanhol, queremos acompanhar as mudanças que a sociedade exige e responder de forma responsável, olhando para o longo prazo, para tentar deixar um mundo melhor às gerações futuras.”
Sobre a importância do trabalho de Lynda Benglis, Anne Pontégnie, curadora da exposição realizada juntamente com a Vande, afirma: “Lynda Benglis é uma figura colossal na escultura contemporânea. O seu trabalho pode ser interpretado como um esforço constante para captar o movimento, uma tentativa de congelar e expressar o fluxo, a personificação da vida”.
Aqui é sentida a força e esplendor da água, manifestada e celebrada através de formas em bronze. Logo na entrada do jardim, estão as peças Bounty, Amber Waves e Fruited Plane (2021), três colunas compostas por vasos cónicos empilhados através dos quais a água flui – um dos conjuntos escultóricos mais conhecidos de Benglis, são peças que se destacam pela sua monumentalidade, erguendo-se a quase oito metros do chão. O percurso leva-nos a Crescendo (1983-84), peça originalmente intitulada The Wave of the World, que foi dada como perdida e, anos mais tarde, foi recuperada e modificada pela artista entre 2014-15; a par desta, numa escala bem menor, podemos apreciar Knight Mer (2007-22), inspirada em crustáceos e formas vivas com que Lynda se cruzou na sua infância no Lousianna. A exposição compõe-se ainda de Pink Lady (2014), a única fonte feita de poliuretano e numa surpreendente cor rosa fluorescente cuja superfície áspera faz lembrar bancos de areia e lama expelidas por caranguejos e crustáceos à beira-mar, relembrando a observação das espécies e o comportamento que as mesmas, um trabalho de observação pela artista.
Ao longo dos meses da exposição foi possível apreciar o exotismo e a monumentalidade das peças tão bem inseridas nos jardins, que ganharam vida com a interacção com a água e a valorização deste elemento natural, assim como observar a sua envolvente e a passagem do tempo e das estações da Primavera até ao início do Verão, pelo florescer do jardim e o desgaste natural das peças, num jogo de luz e sombra que ficará marcado nas nossas memórias. Foi, por isso, um provilégio poder contemplar de perto as quatro fontes dispostas pelos recantos verdes envolventes do edifício do início do século XX, sede do Banca March, junto à Fundação homónima, com um plano cultural a não perder, fomentando o seu compromisso com a arte e marcando uma forte presença na cena cultural da cidade de Madrid.
A instituição sempre manifestou a sua forte ligação com a água, reflectindo assim o compromisso que assume desde a sua fundação – a preocupação ambiental, focada em gerar um impacto positivo e contribuir para o desenvolvimento da sociedade de uma forma respeitadora e sustentável. O CEO do Banca March, José Luis Acea, afirma: “Tanto a ideia da exposição como a filosofia da artista americana estão perfeitamente interligadas com a nossa filosofia bancária e empresarial. (…) Desde a sua criação, há quase 100 anos, o Banca March manteve o seu compromisso de crescimento conjunto com clientes, colaboradores, accionistas e sociedade em geral. Nascemos em Maiorca, uma ilha no Mediterrâneo, pelo que no nosso ADN estão a ligação ao mar, à água e a necessidade da sua conservação. Prova disso é que em 2019 criámos o Mediterranean Fund, um fundo de investimento pensado para aliar sustentabilidade e rentabilidade, que investe nos oceanos como fonte de riqueza e na água como bem escasso e essencial a conservar. Sendo o único banco 100% familiar desde as suas origens no sistema financeiro espanhol, queremos acompanhar as mudanças que a sociedade exige e responder de forma responsável, olhando para o longo prazo, para tentar deixar um mundo melhor às gerações futuras.”
Sobre a importância do trabalho de Lynda Benglis, Anne Pontégnie, curadora da exposição realizada juntamente com a Vande, afirma: “Lynda Benglis é uma figura colossal na escultura contemporânea. O seu trabalho pode ser interpretado como um esforço constante para captar o movimento, uma tentativa de congelar e expressar o fluxo, a personificação da vida”.
Aqui é sentida a força e esplendor da água, manifestada e celebrada através de formas em bronze. Logo na entrada do jardim, estão as peças Bounty, Amber Waves e Fruited Plane (2021), três colunas compostas por vasos cónicos empilhados através dos quais a água flui – um dos conjuntos escultóricos mais conhecidos de Benglis, são peças que se destacam pela sua monumentalidade, erguendo-se a quase oito metros do chão. O percurso leva-nos a Crescendo (1983-84), peça originalmente intitulada The Wave of the World, que foi dada como perdida e, anos mais tarde, foi recuperada e modificada pela artista entre 2014-15; a par desta, numa escala bem menor, podemos apreciar Knight Mer (2007-22), inspirada em crustáceos e formas vivas com que Lynda se cruzou na sua infância no Lousianna. A exposição compõe-se ainda de Pink Lady (2014), a única fonte feita de poliuretano e numa surpreendente cor rosa fluorescente cuja superfície áspera faz lembrar bancos de areia e lama expelidas por caranguejos e crustáceos à beira-mar, relembrando a observação das espécies e o comportamento que as mesmas, um trabalho de observação pela artista.
Ao longo dos meses da exposição foi possível apreciar o exotismo e a monumentalidade das peças tão bem inseridas nos jardins, que ganharam vida com a interacção com a água e a valorização deste elemento natural, assim como observar a sua envolvente e a passagem do tempo e das estações da Primavera até ao início do Verão, pelo florescer do jardim e o desgaste natural das peças, num jogo de luz e sombra que ficará marcado nas nossas memórias. Foi, por isso, um provilégio poder contemplar de perto as quatro fontes dispostas pelos recantos verdes envolventes do edifício do início do século XX, sede do Banca March, junto à Fundação homónima, com um plano cultural a não perder, fomentando o seu compromisso com a arte e marcando uma forte presença na cena cultural da cidade de Madrid.
© Juan de Sande