De facto, o pedido dos clientes – que são também amigos dos fundadores da OM – foi o de reconstruir completamente o apartamento. Do D001, o mobiliário foi recuperado, mas pouco restou do traçado original: apenas o antigo terraço, que agora se tornou um pequeno pátio interior com lareira. A disposição da casa tem origem no que é agora o eixo central, pilares de betão descobertos a partir dos quais o apartamento se divide em dois, aberto como uma borboleta. Cores, materiais e silhuetas suaves e orgânicas conferem a esta casa uma atmosfera acolhedora. Uma sobreposição quase impercetível de padrões geométricos em diferentes elementos de suporte de carga da casa, como paredes e pilares, tornam a simplicidade deste projeto tranquilamente refinada.

A madeira, num único tipo de carvalho tratado termicamente, reina como protagonista. A sala, maior e alargada devido à ampliação, precisava de calor. Em vez de ampliar o espaço, a OM criou um sistema de ripas, valioso na sua construção e desenvolvimento, que estreita o espaço à sua volta nas diferentes divisões (a OM compara a utilização deste sistema ao tratamento da lã numa camisola).
A estética da casa mantém-se limpa e não sobrecarregada de elementos, sendo que os que estão presentes foram inteiramente personalizados pela OM. Foi utilizada uma tipologia única para cada material, mantendo a coerência visual dos espaços. Na definição cuidadosa dos pormenores "normais", a casa quase faz lembrar um relógio suíço: a sua preciosidade encontra-se, precisamente, no sistema de lâminas que escondem e delimitam elementos úteis, como arrecadações, closets ou, por vezes, novas divisões. Um sistema elegante que esconde mecanismos e engrenagens complexas.

Um pormenor extra: o duche com vista para o centro histórico de Vertova, uma pequena aldeia na zona alta de Bergamo.