A galeria de design belga mudou-se para o Hôtel Danckaert, também conhecido como Villa Dewin, um belíssimo e raro exemplo de um edifício Art Déco preservado em Bruxelas. A casa foi projetada em 1922 pelo arquitecto belga Jean-Baptiste Dewin, para Jean Danckaert, um engenheiro industrial, estando o edifício e o roseiral classificados como património. O mobiliário interior e a decoração da Villa foram desenvolvidos pelos famosos Ateliers d'Art De Coene.

Para a mostra inaugural, quinze novas peças de artistas e arquitectos da galeria dialogam com o edifício, tornando-o um todo integrado. Assim, quando observamos as obras do OFFICE Kersten Geers David Van Severen, Richard Venlet, Bijoy Jain / Studio Mumbai, Jonathan Muecke, Sophie Nys, Valérie Mannaerts, Christoph Hefti, Piovenefabi e Koenraad Dedobbeleer no interior do Villa Dewin, ficamos com a sensação de que se complementam. É como se esta casa precisasse das peças para ganhar vida e vice-versa.

A obra central na “Salle à Manger” do Hôtel Danckaert é uma nova peça de Lukas Gchwandtner: Lazy Pillows, um confortável sofá e mesa baixa. Uma grande plataforma em aço, soldada pelo artista, abriga um sofá em tela de pintura off-white com várias almofadas integradas e preenchidas com penas exuberantes, e com o assento costurado junto com as almofadas. Como sempre, Lukas confeccionou um vestido sob medida para sua peça escultural, em náilon sedoso com franjas cortadas à mão.

A artista belga Valérie Mannaerts criou Little Vessel para a imponente escadaria do Villa. O candeeiro em aço e corda tem uma presença teatral. A base do candeeiro assemelha-se a um cordão com nós, e o abajur, feito de uma corda contínua, cria sombras dramáticas.

O sempre crítico designer social Stéphane Barbier Bouvet desenvolveu outro Post War Master para iluminar a mesa quadrada da cozinha da Villa por OFFICE Kersten Geers David Van Severen em alumínio bruto. Post-War Masters é uma série de trabalhos diferentes, simultaneamente interessantes como aplicação (com ênfase nos detalhes de conexão), como forma de conhecimento (da história do design, da arte e das exposições) e como comentário (sobre a nossa relação à produção, disseminação e circulação de objetos). Cada peça emula um objeto doméstico diferente, cujo design icónico passou a expressar, hoje, status e bom. O pingente lembra os 6 Bras Pivotants de Serge Mouille. Barbier Bouvet, defensor de uma economia de meios, produziu a lâmpada “estupidamente dobrada” a partir de tubos e placas básicas de aço inoxidável.

A mostra também apresenta peças do Rooms Studio como um prelúdio para uma futura colaboração entre o estúdio de design e a MANIERA. Rooms é o primeiro estúdio dirigido por mulheres em Tbilisi, na Geórgia. Intuitiva por natureza, a metodologia de trabalho da dupla é indireta e fluida. Trabalhando principalmente de colecção para colecção, com elementos frequentemente recorrentes, Nata Janberidze e Keti Toloraia criam um corpo de trabalho contínuo e em constante evolução. A repetição – uma das características da dupla – lembra o espectador da sua abordagem feminista, além de um elemento oriental na cultura da Geórgia. Desta forma, o Rooms Studio cria uma mistura perfeita de design, onde o Oriente e o Ocidente se encontram.

Uma das peças mais interessantes da exposição é o Banco Histórico. Feito à mão a partir de carvalho recuperado, é criado em referência a objectos históricos do espaço público na Geórgia. Desenhados por um autor desconhecido, bancos de pedra foram espalhados pelo país, principalmente em paragens de autocarro. Após o colapso da União Soviética, alguns deles foram privatizados, enquanto outros foram danificados e destruídos. Ao transformar um banco comum numa forma e material diferentes, o Rooms Studio conferiu um novo significado e definição a algo antigo, esquecido e não reconhecido. É também visto como uma tentativa de confundir as linhas entre o público e o privado.

A exposição pode ser visitada até dia 6 de Maio, de Quarta a Sábado, entre as 14h e as 18h.