Foi a partir do seu estúdio, em Beirute, que o duo criativo recordou alguns dos principais ingredientes do seu processo criativo: “harmonia, circulação, função e, mais importante de tudo, personalidade.”

INÊS GRAÇA De que forma é que se complementam profissionalmente? DAVID/NICOLAS Sempre trabalhámos os dois, mesmo quando estudávamos. Ao longo do tempo, acreditamos ter abdicado de uma certa individualidade para criarmos uma relação de trabalho dinâmica, onde funcionamos como um só. As vantagens são várias: somos mais exigentes e críticos, e conseguimos olhar para os nossos projectos de perspectivas diferentes, evoluindo rapidamente. É uma cooperação muito orgânica e vai sendo aperfeiçoada ao longo do tempo.

O que mudou depois da exposição Loulou/Hoda, onde apresentaram peças inspiradas nas vossas avós? Começámos o nosso estúdio em Milão e depois mudámo-nos para Portugal antes de regressarmos ao Líbano. Procurávamos um objectivo e compreender de onde vimos ajuda-nos a perceber o rumo que queremos seguir. Foi aquela altura da vida em que questionámos tudo; queríamos perceber a nossa visão e identidade. O Líbano é culturalmente muito diverso e poucas pessoas desenvolviam produtos, logo havia espaço para explorarmos e partilharmos novas estéticas. A exposição Loulou/Hoda acabou por ser uma forma de recriarmos essa nostalgia enquanto olhávamos para o futuro. Foi uma exposição emotiva e ainda hoje nos lembramos de uma senhora a chorar que dizia que lhe trouxemos muitas recordações. Foi um ponto de viragem pois foi a primeira vez que mostrámos o nosso trabalho em Beirute e comunicámos a nossa própria visão do mundo.